sábado, 29 de março de 2014

O CHAPÉU NA MAÇONARIA


A palavra CHAPÉU provém do latim antigo "cappa", "capucho" que significa 
peça usada para cobrir a cabeça. Cerca de 3000 a.C., na Mesopotâmia, surgem os 
chapéus que trazem um misto de elmo com capuz, 
e que uns mil anos depois (2.000 a.C.) evolui para 
um formato mais aprimorado. 
Torna-se, neste mesmo período, um 
adereço de dignidade, nobiliárquica, militar e 
sacerdotal do Antigo Egito.
Os gregos, usaram também um chapéu de 
palha de fundo pontudo que era denominado de 
“Tholia”, posteriormente criaram o primeiro 
chapéu em suas formas mais semelhantes com o 
formato "clássico" (ou seja, contendo as partes 
principais do adorno), é o pétaso grego, cuja 
origem remonta ao século IV a.C. Alias na Grécia Antiga o chapéu era símbolo de 
sabedoria e liberdade. 
O famoso escritor maçom Oliver comenta sobre o mesmo significado para os 
romanos, tendo sobrevivido na Maçonaria desde as Guildas Romanas. Consta que na
Antiga Roma (por volta do ano 1.000 a.C.), os escravos eram proibidos de usar chapéus. 
Quando eram libertados passavam a adotar uma espécie de chapéu semelhante ao 
barrete (boné em forma de cone, com a ponta caída para um lado), em sinal de 
liberdade. Este tipo foi revivido durante a Revolução Francesa (final do século XVIII), 
chamado de "bonnet rouge" e se tornou um símbolo do partido republicano durante a 
República. 
Sua relação com a sabedoria permaneceu na Idade Média, como os chapéus dos 
magos denunciavam, os quais foram adaptados para cartolas pelos mágicos. 
Coloquialmente sua relação com a dignidade pode ser obsevada no costume francês de 
dizer "vestiu o chapéu" no ato de assumir uma responsabilidade, ou então no 
cumprimento a alguém quando se diz "a este eu tiro o chapéu".
Na maçonaria, o chapéu é um paramento presente em muitos ritos. A frequência
de seu uso em Lojas simbólicas depende do grau, do rito, e em um mesmo rito pode 
variar conforme a Potencia Maçônica. Os formatos também são variados. No REAA é 
utilizado o chapéu de abas caídas, no York e Schröder é utilizada a cartola, o RER 
utiliza o chapéu tricórneo. 
O que parece perene são as dúvidas em relação ao seu simbolismo ou utilidade.
Com relação a isto José Castellani declara que herdamos o chapéu preto dos judeus 
ortodoxos, e que o chapéu em Loja é a “coroa maçônica”, influência da realeza 
europeia, usada pelo Venerável como símbolo de sua posição de liderança.
Esta explicação é contestada pelo Ir.'. Kennyo Ismail que em um artigo a 
respeito do tema argumenta que os judeus 
utilizam o chapéu obrigatoriamente durante as 
orações e cerimônias religiosas, em sinal de 
temor a Deus. Já o maçom utiliza durante toda a 
reunião e retira o chapéu exatamente nos 
momentos de orações, em sinal de respeito! 
Com relação a ser um símbolo da “coroa 
maçônica”, o Ir.'. Jamil questiona: "Porque o 
Venerável não utilizaria uma verdadeira coroa 
em Loja? Uma coroa de louros, ou flores, ou de 3
metal? Porque seria um chapéu preto de abas caídas (REAA) ou mesmo uma cartola 
(Rito de York)? E por que todos os Mestres usariam em reuniões de Mestre, se o 
representante do rei Salomão é apenas o Venerável?"
Realmente em ritos como o Schröder, todos os Obreiros se cobrem desde 
Aprendiz. 
Mas de fato em alguns ritos o Chapéu passou a ser usado como símbolo 
hierárquico, sendo que em Lojas de Aprendiz e Companheiro, só o Venerável tinha o 
privilégio de usar o Chapéu dentro da Oficina e realmente isto deve ter tido origem no 
cerimonial das Cortes do século XVIII, onde estando o rei presente, somente ele tinha o 
Direito de estar coberto, pois o Chapéu era o emblema de soberania, sobretudo quando 
se tratava antigamente de um tricórnio.
Este procedimento até hoje é observado pelo REAA, praticado pelas Grandes 
Lojas. Porém, em Sessão de Câmara do Meio, o Venerável é apenas o presidente de 
uma assembleia de pares e assim todos os Mestres permanecem com o Chapéu na 
cabeça como Sinal de Igualdade.
O uso de chapéu pelo Venerável Mestre era um costume também na maçonaria 
inglesa até a fusão que originou a Grande Loja Unida da Inglaterra. Após a fusão, os 
antigos costumes foram “reformulados” para agradar ambas as partes, e a tradição do 
chapéu simplesmente foi descartada. O único ritual na Inglaterra que mantém o uso do 
chapéu pelo Venerável Mestre é o Bristol. Mas por uma ironia do destino, essa tradição 
permaneceu viva nos EUA. 
Assim sendo, o chapéu do Venerável Mestre pode realmente ser interpretado 
como uma coroa representativa de sua autoridade. Porém, uma autoridade com base na 
Sabedoria, assim como a de Salomão.
E é por serem detentores da sabedoria maçônica que todos os Mestres utilizam o 
chapéu especialmente nos ritos originados na França.
É no ocultismo, que encontramos uma explicação mais convincente para uso do 
chapéu, até porque a Maçonaria sempre tem tomado das ciências ocultas seus usos e 
costumes, para preservar tudo o que de mais elevado o Homem produziu através da 
história. Os ocultistas dizem que os pelos curtos e grossos das sobrancelhas e da barba 
do homem, são emissores de energia, enquanto que os pelos finos e longos dos cabelos 
são captadores de energia.
Por este motivo o Mestre mantendo-se a cabeça coberta, demonstra que nada 
mais tem a receber, isto é, que chegou à plenitude maçônica ou à verdadeira iniciação
simbólica. 
Esta prática, alias, é observada nas mais 
diversas filosofias religiosas quando seus líderes 
usam uma cobertura sobre a cabeça ou até mesmo 
raspam a cabeça para não sofrerem influências 
externas, fato este que observamos nas filosofias 
orientais, no judaísmo, no islamismo e nas igrejas 
católicas e ortodoxas, nos cultos afro‐brasileiros e 
em diversas seitas, onde são usados turbantes, 
solidéus, tiaras, mitras, etc. 
Este fato explica também a existência do 
dossel que cobre não apenas o ocupante do sólio, 
mas protege o chacra coronal das demais luzes que 
o ladeiam. O chapéu representa proteção. Se na prática o chapéu protege a cabeça do 
dono contra as intempéries, simbolicamente, o chapéu é como um elmo que confirma e 
protege a sabedoria que se aloja na cabeça do Venerável Mestre e esotericamente seu 4
chacra coronal. Aliás, em Ritos onde se favorecem os aspectos mais esotéricos, apenas
os Mestres usam chapéu e o fazem em todas as Sessões de Graus Simbólicos. É o caso
do Rito Adonhiramita e do Rito Escocês Retificado onde neste último apenas os mestres 
se cobrem, embora todos os obreiros portem o chapéu. 
O CHAPÉU TRICÓRNEO
O chapéu utilizado no Rito Escocês Retificado (RER), é o tricórneo ou de três 
bicos. Ele apareceu como um resultado da evolução do chapéu de borda larga e redonda 
usada pelos soldados espanhóis durante a Guerra 
dos Oitenta Anos, em Flandres, em meados do 
século XVI. Prendendo as abas, uma forma 
triangular foi obtida, favorecendo os soldados nas 
guerras em tempos chuvosos; antes da invenção 
das capas de chuva especializadas. 
Durante as disputas militares, seu uso se 
espalhou para os exércitos franceses e depois por 
toda a Europa Ocidental. 
Na França, seu uso dissiminou-se para a 
população e para a corte do rei Luís XIV, o que 
tornou moda em toda a Europa até o final do século 
XVII.
Esse chapéu foi popular para uso civil e em uniformes militares, permanecendo 
como um dos estilos predominantes na Europa ao longo do século XVIII. Éra o chapeu 
comumente utilizado quando o RER foi criado.
Porém qual a razão simbólica para o uso específico do chapéu de três pontas
ainda hoje?
É que à testa do mestre representa três virtudes: o espírito da justiça, da 
temperança e da prudência, que deve acompanha-lo em todas as suas diligências.
O chapéu representa também uma estrutura educacional apoiada em três pontos: 
racional, emocional e espiritual; um apoia o outro, formando um tripé. É do equilíbrio 
propiciado pelo que simboliza o chapéu que desabrocha a pessoa completa. Esta 
educação e condicionamento elevam o portador do chapéu à realeza dos iniciados nos 
diversos graus do rito, onde é livre para pensar e ajudar seus irmãos através de uma 
razão esclarecida. É pelo estudo diligente, pelo treinamento dos sentidos, pela 
convivência constante que ele atinge o ideal, e este lhe confere realeza, da qual o 
chapéu, apesar de sua aparência simples, é o símbolo mais expressivo. Debaixo do 
chapéu é a maneira mais nobre de viver o amor fraterno, a única ação capaz de salvar a 
humanidade de um existir miserável. Debaixo do chapéu aflora a capacidade de ouvir, 
ensinar e treinar em loja, o que faz do mestre maçom um líder natural

Bibliografia:
1. ASLAN, Nicola, Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia, ISBN 85-7252-158-5, 
segunda edição, Editora Maçônica a Trolha Ltda., 1270 páginas, Londrina, 2003;
2. BAYARD, Jean-Pierre, A Espiritualidade na Maçonaria, Da Ordem Iniciática Tradicional às 
Obediências, tradução: Julia Vidili, ISBN 85-7374-790-0, primeira edição, Madras Editora Ltda., 368 
páginas, São Paulo, 2004;
3. BENOÎT, Pierre; VAUX, Roland de, A Bíblia de Jerusalém, título original: La Sainte Bible, tradução: 
Samuel Martins Barbosa, primeira edição, Edições Paulinas, 1663 páginas, São Paulo, 1973;
4. BOUCHER, Jules, A Simbólica Maçônica, Segundo as Regras da Simbólica Esotérica e Tradicional, 
título original: La Symbolique Maçonnique, tradução: Frederico Ozanam Pessoa de Barros, ISBN 85-
315-0625-5, primeira edição, Editora Pensamento Cultrix Ltda., 400 páginas, São Paulo, 1979;
5. CAMINO, Rizzardo da, Dicionário Maçônico, ISBN 85-7374-251-8, primeira edição, Madras Edito